20 de jul. de 2010

Uma Palavra aos meus irmãos Assembleianos - Devocional

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“Homens mortos produzem sermões mortos, e sermões mortos matam.” ( E. M Bounds)

Está mais do que patente aos nossos olhos, a inexistência da pura e autêntica mensagem do Evangelho nas mensagens de muitos pregadores da Igreja atual, mormente na denominação da qual faço parte: Assembleia de Deus. Duvido de suas vocações. Precocemente, os homens, ainda em tenra idade, aventuram-se em se auto-intitularem de pregadores. Entretanto, tão logo se manifestam, estes são deflagrados como falsificadores da fé, quando ouvimos suas mensagens diametralmente distantes das Escrituras. A superficialidade bíblica estarrece, o despreparo teológico envergonha, a ausência de piedade denuncia o pragmatismo. Deus ordena-nos que preguemos todo o seu conselho. Insta-nos que perscrutemos seu poço inesgotável e alçamo-nos dele com a virtude do seu conhecimento para o Louvor de sua Glória. Mas ao contrário da recomendação bíblica que compete aos seus genuínos despenseiros, os pregadores atuais, ou os conferencistas, como gostam de ser ovacionados, desejam esbanjar a luxúria de suas roupas, a suntuosidade de seus templos, a arrogância diante de seus seguidores e a beligerância com suas agendas acirradas. Não foram essas as qualidades do obreiro ressaltadas pela Escritura. Deus chamou o velho apostolo à pena, não para revelar-lhe o trivial, senão para exortar á Timóteo e a nós, revelando-nos a verdadeira alçada dos que por Deus são vocacionados ao ministério de sua Santa e inegociável Palavra:

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” 2 Tm 2.15

“Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” 2Tm 4.1,2

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” 2 Tm 3.15,16

Amados irmãos, atentem-se para isso urgentemente: A evidência do ministério da pregação em uma pessoa não se revela por sua agenda superlotada; nem por suas roupas desprezíveis e pomposas, nem por suas mensagens que de pronto, digo-vos, são ocas e artificiais; mensagens que nada produzem, mas que se constituem em um crasso apelo ao emocionalismo, ao antropocentrismo, ao egocentrismo, mensagens que não solidificam, não fortificam àqueles que as ouvem; Não firma os artelhos dos dilapidados, nem inclina os ouvidos dos mortos ou oscilantes de fé. Suas mensagens não são frutos de horas dedicadas ao escrutínio bíblico, não carregam o peso da doutrina bíblica, nem denunciam nossa impiedade que labora contra Deus, não arvora contra o pecado dos homens, nem superestima a redenção do Deus encarnado. Suas mensagens tripudiam do livro sagrado, menosprezam a riqueza incomensurável das Escrituras a nós dispensada, bem como dão de ombros a ordenança do Eterno a nos intimar:

“Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR. Jr 9.23,24

Suas mensagens temporizam sorrisos nos rostos tirando os milagres de suas cartolas bem engendradas, criando seus fãs de milagres, "caçadores de Deus", tais como os caçadores de João Seis. Na ocasião, após terem sua fome saciada pelo milagre da multiplicação, que se decorreu tão somente da misericórdia do Senhor Jesus, os fanáticos por milagres passaram a segui-lo. Mas quando lhes fora revelada às exigências do Evangelho, seus motivos escusos foram descobertos, pois o Mestre levantou o tapete, desnudando aos seus olhos suas intenções efêmeras e materialistas:

"Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. (João 6.26).

De alvissareiros por milagres, nos os vemos agora titubeando sobre as palavras duras de Jesus, pelo que o abandonaram. Não eram seguidores de Jesus, mas de seus milagres. Não é isso que vemos se repetindo ininterruptamente em nosso meio? As pessoas não são cristãs, porque confessam Cristo, desejando viver ternamente para o senhor que as salvou. Mas elas, mercadejadamente “servem” a Deus, em decorrência das “bençãos recebidas” em detrimento da genuína mensagem, relegada a últimos planos pelos pregadores que se ocupam mais em manipular a massa prometendo-lhes milagres mil, do que a anunciar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. No conteúdo das mensagens da maioria dos pregadores que elencam em nossa denominação não há cruz, Amor de Deus, Ira de Deus, Graça Imerecida, Redenção, Eleição, Regeneração, Expiação, Justificação, Arrependimento, Vida, Lutas, Adversidades, Lágrimas, Redenção, Céu e Inferno. Eles não submetem seus sermões à palavra de Deus. Diante deste declarado abandono, disse E.M Bounds, em defesa à genuína mensagem e ao genuíno pregador:

“O homem – o homem todo é a razão por trás de um sermão. A pregação não é algo que se faz em durante uma hora, é sim o fluir de uma vida. São necessários vinte anos para ser preparar um sermão, porque são necessários vinte anos para fazer o homem.”

William Booth (1829-1912) foi um Pregador metodista britânico, que desbravou o mundo com o Exercito da salvação. Quando lhe interrogaram quais seriam os perigos doutrinários do século 20, sem hesitar, ele respondeu: “Religião sem Espírito Santo, Cristianismo sem Cristo, perdão sem arrependimento, salvação sem novo nascimento, política sem Deus e céu sem inferno.”

O Profeta estava certo. Deus descortinou-lhe o século vindouro, e ele anteviu a apostasia da atualidade. Hoje, alguns não entendem a regressão dos congregados, a artificialidade de crentes que parecem ímpios, ou, as “desistências” de muitos, que por ocasião das coisas vãs deste mundo, vivem sem a presença de Deus. A razão disso é a ausência da mensagem da Cruz:

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. (1 corintios 1.18).

E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. (Efésios 2.16).

Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. (Gálatas 6.14)

Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. (1 Coríntios 1.17)

Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. ( Hebreus 12.2)

O que eles pregam, é corrompido, fraudulento, mesquinho e vil. Maniatam incautos com promessas que tolhem o povo. Ludibriam inocentes com negociatas falaciosas. Não podem ser arautos da verdade. A estes não foi entregue a mordomia da mensagem do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Chavões com contorcionismo depreciam o que deveria ser um culto a Deus. De gratuito dom de Deus eles o decrescem ao sujo mercado do toma-lá-da-cá. 

“Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11.13).

“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras...” (2 Pe 2.1).

“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 Jo 4.1).

“Porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos” (Rm 16.18).

Mas por que não pregam a cruz, mesmo sendo esta a espinha dorsal do Evangelho? Simples, a impopularidade da mensagem da cruz não converge em dinheiro para os profissionais da fé. Não se consegue construir ministérios ricos pregando a mensagem da cruz. Sujeitar os ouvidos das multidões que estão prontas a lhes nomearem um rei, à mensagem da cruz, é trafegar sobre a possibilidade de muitos o abandonarem, simplesmente por acharem dura tal mensagem, e isso não produzirá tapinhas nas costas e contas gordas, como resultado de uma agenda superlotada. A cruz transforma vidas, liberta o ser da escravidão do Pecado, tal mensagem é tão de graça, que para muitos é inconcebível compreendê-la desse modo, e em razão disso apimentam-na ao seu bel prazer, transformando-a em ninharia que não vale um vintém. Mas para aqueles que conhecem o cerne do evangelho, e dele provaram, para aqueles que Por Deus foram regenerados, e por meio dele e para Ele entregaram suas vidas em seu regaço, compreendem sua magnitude, e em razão disso anunciam como arautos da verdade o evangelho, e são constrangidos a dispensá-lo sobre o mundo, pois o Espírito os inquieta:

“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” Gl 6.14

E os que por Deus são preparados a se tornarem o solo fértil dessa boa semente, crescem no conhecimento do evangelho, e mesmo que em momentos de provações não haja pão e nem peixe para a fome saciar, e mesmo que a beleza dos montes cedam seu lugar a desolação dos vales, estes se prostram a Deus, e com convicção o adoram dizendo:

“Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6.68).

Graça e Paz
Mizael Reis



13 de jul. de 2010

O Ser Cristão - Devocional



Qual é a característica mais significativa de um Cristão? Quais são as assertivas inequívocas que confirmam nossa prole divina? Certamente falsas respostas devem ser previamente dissipadas, no afã de se evitar que, qualquer que porventura tente ler este texto, julgue minhas indagações simplistas, posto que existam dirá o precipitado, inúmeras evidências que certificam que muitos são cristãos. Ser Cristão, contudo, não consiste em jactar-se por frequentar uma capela onde jaz a cruz como principal ornamento; Ser cristão não consiste em prosapiar para os amigos a aquisição de novas funções institucionais adquiridas; Não se delimita em ir semanalmente aos cultos, e como muitos dizem assistir a tais cultos; Ser cristão não se exprime em viver sob uma redoma de usos e costumes, que mais desumanizam os seres humanos, do que os tornam mais parecidos com Jesus, e àqueles, no desejo de serem fiéis a costumes, fracassam em ser fiéis ao evangelho, renegando a nada os frutos dignos de arrependimento, que são de fato as verdadeiras evidências de que somos regenerados por Deus; Ser cristão não significa lograr êxito na organização de determinados congressos, que mais servem para potencializar o nosso ego egoísta, do que para louvar a Deus; Congressos esses que mais servem para superestimar as vozes dos que cantam, os famigerados jargões dos que pregam, e o sucesso de quem esteve por trás dos bastidores segurando as cordas do peso da cortina, enquanto o espetáculo se desenrolava. Ser cristão não consiste em vestir a camisa de um conjunto, convenção, Igreja, legado pastoral, templos, pessoas, ou quaisquer possíveis objetos de idolatrias; Mas ser cristão, significa em atentarmos, antes de tudo, a uma tão grande salvação a nós revelada (Hb 2.3). Ser Cristão é ser pecador, suficientemente pecador para que a Graça dignifique o efeito de nossa justificação. Ser cristão é subir despojado ao “templo”, e meneando a cabeça ao ver o seu eu impiedoso, vislumbrar o abraço da misericórdia com a justiça de um Deus que justamente salva o digno de morte (Lc 18.13). Ser cristão consiste em saber que é digno do inferno, mas que milagrosamente se vê fora dele, e quando olha ao ser redor, sedento por explicações que justifiquem a não-imputação do seu soldo merecido, é transportado para o dia em que o Deus homem morre e ressuscita e, em decorrência de sua salvação, a cédula que nos culpa é riscada e a ira do Pai que arvora contra nós é aplacada (Cl 2.14). Ser Cristão consiste em compreender a magnitude do evangelho que nos salva sem as obras (Rm 4.4,5). É levar a sério a inabilidade do homem diante dos mandamentos de uma lei perfeita, e saber que é tão somente por meio da justiça de cristo imputada em nós, que seremos vistos como santos aos olhos de Deus e conseguiremos levar a efeito o cumprimento de seus maravilhosos mandamentos. É saber que a fé na obra do justo Jesus, estende-nos a sua obra, assim como a seiva da videira é distribuída por sua raiz aos galhos que por ela frutificam em bom tempo o seu fruto (Jo 15). Ser cristão é saber que antes do amor de Deus nós não amávamos a Deus. Que éramos ovelhas desgarradas que seguíamos o nosso caminho ao ermo, pois não há bem em nós sem o bem de Deus por nós (Is 53.6). Ser Cristão é dar Glória a Deus por tudo que ele é, e não pelo que ele nos dá, ou por aquilo que pensamos que ele nos dá, quando ele, aquilo, não nos deu, e que nossas posses são triviais, e não podem ser evocadas para legitimar nossa herança na redenção. Adorar a Deus não é medirmos o quanto temos para reconhecermos o quanto ele é por nós (Rm 11.36). Ser Cristão consiste em rejeitar veementemente a teologia da prosperidade pelo primeiro e suficiente motivo de que o Deus Todo Poderoso, não veio ao mundo em um cavalo alado, ostentando majestade, para que de súbito, os maus se prostrassem diante dele com uma devoção mesclada com temor por vê-lo, ato típico de um vassalo compulsoriamente submetido; e sim por saber, que Deus, encarnou-se como um de nós (Fp 5.6) e na falta de uma rústica estrebaria para ser humanamente gerado, deu boas-vindas ao mundo ladeado de capim, e a sua frente o boi a ruminar. ELE sendo rico se fez pobre (2 CO 8.9) Ser Cristão é ocupar-se alegremente com as escrituras, ao invés de madrugar em montes, esperando os adivinhos manipularem as emoções dos incautos (1 Jo 4.1). O Cristão ama a Escritura, pois sabe que tudo o que dantes foi escrito (Rm 15.4), não o foi para ser desconsiderado ou desestimado, enquanto estendemos as cantarolas em nossos cultos antropocêntricos, e sim para nosso ensino foi escrito, para cativar a mente aos desígnios de Deus, meditando em sua rica palavra. Ser Cristão é declarar que Deus é Soberano e que seus caminhos são inescrutáveis (Rm 11.36). Que ele fará o que lhe apraz, pois lhe agrada revelar no mundo a consecução de seus planos, tão somente para o louvor de sua imponente Glória (Is 55.11 – Is 43.13 – Dn 4.35 – IS 46.10). Deus não faz nada a contragosto, não erra, não vê a sua frente um destino dando-lhe inúmeras alternativas para que ele escolha a que melhor lhe convier, com base no mérito humano, não! O cristão sabe que Deus tudo sabe e o seu plano é seu decreto inamovível. O Cristão não vê Deus como um subserviente com “bandeja nas mãos e borboleta de garçom no pescoço”, pronto a atender as petições que a todo tempo lhe são feitas por “cristãos” inconseqüentes que acham que seja possível encurralar Deus na parede por meio de sete dias de campanhas, antes sabem que Deus não toma conselhos com homens, e concede aos homens aquilo que desejar.  Muitos querem ser cristãos, pelo simples motivo de alegarem devoção simplesmente em decorrência de estar num culto, terem um cargo ou coisas congêneres, ou ainda porque se julgam inerentemente justos o suficiente para receberem de Deus o louvor. Contudo, ser cristão, redundará em crermos que somos justos e santos, porque ele nos amou primeiro, dando-nos o espírito da reconciliação, que capacita-nos a dizermos o sim que Ele espera receber, para o louvor de sua Glória Eterna (2CO 5.18).

“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” Romanos 11.36

Graça e Paz
Mizael Reis

1 de jul. de 2010

A mensagem Deslutrada - Devocional


Procuro entre os arraiais cristãos, especialmente no meio onde estou inserido, uma genuína representatividade da mensagem cristã. Apresentem-me apenas um restolho, e ficarei satisfeito. Digam-me que há entre tantos jargões e clichês que banalizam a fé, uma luz advinda do sol da justiça, e converterei minha denuncia em elogios. Antes que seja mal compreendido, quando me refiro a mensagem cristã, trago a minha memória a cruz, e o episódio que nela se desenrolou. O Deus detentor do curso das estrelas, monarca do Universo que ao mais trivial acontecimento da história direciona, fez-se semelhante aos homens. Refiro-me a mensagem que alardeia que esse Deus, humanizou-se em nossa história, que de plena infinitude, se viu limitado em nossa medíocre vida e em nossa insignificante vida existencial, levou sobre si nossos pecados, de uma vez por todas, para o louvor de sua Glória. Deus amou não por ser amado, mas amou sem ser amado, pois ele é Deus que veio na forma do homem, quando o homem não o amava na forma de Deus (Fp 2.5,6) A mensagem fidedigna do evangelho, se faz evidente, quando vemos o homem sendo colocado em seu devido lugar, diante de Deus:

E VOS vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Ef 2.1-3

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Is 53.6

Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos. Ec 9.3

Eis o que somos. Eis o que nos tornamos. Eis para aonde nos leva nossa natureza vil. Não buscaremos a Deus, pois na verdade, nós o olvidamos, e o traímos. E agora, voltamos ao pó. Nosso agir está circunscrito à natureza que labora contra Deus, e ao mesmo tempo, arvora a favor do pecado.

Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce da mulher, para ser justo? Eis que ele não confia nos seus santos, e nem os céus são puros aos seus olhos. Quanto mais abominável e corrupto é o homem que bebe a iniqüidade como a água? Jó 15.14-16

Se tu, Senhor, observares as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá? Sl 130.3

Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque. [...] Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias. Ec 7.20,29

Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado? Pv 20.9

Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Rm 3.9-18

Os que afirmam que na natureza humana, pós-queda, possa existir alguma habilidade congênita, que o capacite meritoriamente a responder positivamente ao chamado de Deus, padecem por não conhecerem às Escrituras. Diante do que a Bíblia nos diz sobre nossa humanidade, e sendo tão má, é-nos impossível concomitantemente, trabalharmos a favor do bem, pois:

Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Mt 15.19

Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce. Tg 3.12

Jesus nos diz do que nosso coração é capaz. Ele desnuda-nos ante aos seus olhos, e mostra-nos a lama de nosso ser malévolo. Não há neutralidade (Livre arbítrio) em nosso coração, que inerte, espera que impulsos externos, quer bons ou maus, o motivem e incline-o para a sua ação correspondente. Não! “Nosso nome é pecadores, e pecadores é o nosso sobrenome” (Lutero). Houve um tempo em que Israel pensava que poderia satisfazer às exigências santas do Santo Deus, sem Deus. Mas Deus chama Jeremias à pena; e o profeta Pôs-se a escrever:

Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal. Jr 13.23

Livre entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais te não lembras mais, e estão cortados da tua mão. Sl 88.5

“livre entre os mortos”. É assim que os puritanos conceituaram a liberdade do pecador, que a faz diferir quase diametralmente de uma autonomia neutra alegada. Ou como diria um teólogo, parafraseando tal conceito:

A vontade é gota de água presa dentro de um cristal sólido”. (Oliver Wendell Holmes)

Paro por aqui, a fim de evitar com que o texto tome uma envergadura sistemática, (o que será feito em outra ocasião). Os textos acima são suficientes, para ratificar a verdade inquestionável de nossa fraca natureza que resiste à Deus, e que em nossa redoma pecaminosa busca saciar-se só pelo mal. Porém, há uma outra verdade inquestionável e insofismável, que nos resgata dessa nossa vã maneira de viver, e salva-nos por fim de nossa escravidão inexorável:

Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Rm 5.8

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Gl 2.16

TENDO sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Rm 5.1,2

Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. Rm 3.24-26

E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. [...] Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Co 5.18,19,21

Duas verdades têm sido esquecidas, pelo que volto ao clamor inicial do texto:
  • Inabilidade do homem, por seu mau.
  • Salvação advinda exclusivamente de Deus
E muitos pregadores de hoje, não pregam tais verdades, pois abandonaram o rigor que devemos ter, quanto a importância das Escrituras em nossas vidas, pois dela, depende toda nossa concepção de evangelho. Esqueceram-se da composição do coração do homem, e buscam, sem sucesso, por este homem de pé, exigindo deste, a força nos seus artelhos. Mas o soldo do homem é a morte, pois ele é pecador.
É isso que as Escrituras nos dizem, então é isso que somos e sempre merecemos sem Deus:

Porque o salário do pecado é a morte. Rm 6.23

E a Salvação é dom Deus, concedida ao homem por sua graça, sem as obras da Lei
 
[...] mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor. Rm 6.23

Não sei como vai o meio que você está inserido, só sei que no que me diz respeito, lamentavelmente digo: Procuro em onde estou essa mensagem, e não a encontro.

Graça e paz
Mizael