17 de ago. de 2010

Deus é Soberano




Afirmar-se ao lado de uma declaração qualquer, mesmo não provando-a,  e não experimentando nos lábios o sabor de sua veracidade não é difícil. Palavras podem ser irresponsavelmente ditas por lábios de corações não tão entranhavelmente comprometidos com as implicações que inevitavelmente carregam algumas declarações que se pretende afirmar. E sem dúvida a afirmação em voga elenca infelizmente no rol de muitas dessas más intenções, ou seja, afirmar que Deus é Soberano sem responsabilizar-se das conseqüências inevitáveis que essa declaração carrega, não é difícil, conquanto ditas por mentes não submetidas ao que as Escrituras Sagradas dizem a respeito dela. 

Deus é Soberano. Eis uma argumentação perpetrada por não poucas comunidades cristãs que se declaram ortodoxas e por muitos cristãos que dizem crer no Deus que a tudo sabe e a tudo governa. Por vezes, muitos sem hesitar, ratificam-na sem a devida consciência teológica, que deveria levá-los às últimas conseqüências de uma teologia que faz com que todas as coisas, sem exceção, de quaisquer naturezas, sejam submetidas à regência mestra da soberania de Deus. Dizer por dizer, por mero chavão litúrgico-denominacional, que Deus é soberano é fácil. Agora, afirmar essa incomensurável verdade, interpretando-a lado à lado dos acontecimentos da história à luz do escrutínio bíblico acarretará com que muitos sejam demovidos de sua zona de conforto que sustenta uma crença em um deus fraco, em detrimento da crença em um Deus forte e plenamente Soberano. A verdade é que, quando tratamos de questões, julgadas por muitos de nós, como não tão importantes à fé que se professa (Algo que não seja a Soberania de Deus – algo mais simples), sempre existe um meio de alinharmos tais questões e alguns questionamentos, com algumas das fracas concepções de Soberania divina que muitos insistem em defender. Contudo, quando ousamos argumentar sobre algumas questões que fazem sucumbir este fraco casamento de idéias, como a existência do mal, do pecado e da dor, alguns se dão por vencidos e já o deus que afirmam ser soberano, não reina o suficiente para por ao chão algumas questões que tais pessoas julgam-nas como dilemas insolúveis. Essa confusão mental e humana, em grande medida, tem como alvos vulneráveis, pessoas que não abraçam inegociavelmente tudo quanto as Escrituras sagradas banqueteia-nos sobre a Supremacia de Deus sobre todas as coisas. 

Portanto, Dizer que Deus é Soberano significa responsabilizá-lo por tudo que aconteceu, ora acontece e ainda acontecerá, pois não há nada que se suceda no mundo dos homens, que não seja decretado pela vontade irreduzível de Deus. Para Deus não existem planos frustrados, isso porque “nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2), e não há nada que tenha saído de uma maneira por ele não determinado, tal como um tiro pela culatra, pois, “Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.” (Sl 135.6). Analise comigo, se nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado então a possibilidade de que algo esteja acontecendo na terra a seu contragosto, longe de seu diretivo controle, é totalmente impossível de conceber-se sendo, portanto, descartada pelas Escrituras, porque o Eterno assegura: “O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is 46.10). Em nenhum momento da história a criatura sublevou as intenções de seu Criador, que não olha para trás em busca de erros que ele jamais cometeu, e que olha para frente dirigindo a história, sobre a certeza de que nunca, jamais errará em tudo que realizar isso porque o que “O SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?”. (Is 14.27) Não houve momento algum que sua vontade tenha sido preterida pela intervenção de uma suposta volição humana, isso porque tal volição é impossível, pois é “Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.” (Sl 33.15). Os homens podem até gloriarem-se por levar a cabo seus próprios planos, mas no final das contas é o SENHOR quem determina os seus passos  (Pv 16.9). Isso nos leva a crer que  Deus conhece todos os nossos passos, que são soberanamente delimitados pelo tempo que ele próprio contabilizou para cada ser humano, isso porque “Os passos do homem são dirigidos pelo SENHOR” (Pv 20.24) e os “seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles” (Jó 14.5). Deus ainda é aquele que diz que “ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos” (Is 43,13), e se os homens forem surpreendidos pelas insólitas dores do mal, O Eterno não estará à margem dos seus infortúnios, de forma que o não-desejado ocorra, contra o que supostamente deveria acontecer, ou Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem?”(Lm 3.38). E se o homem iníquo resistindo a Deus, dos seus planos nesciamente se queixar, o tal queixar-se-á, “cada um dos seus pecados” (Lm 3.39), e jamais contra o beneplácito irrevogável do Eterno, pois quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?”(Rm 9.19), porque “Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos? Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à luz? “Assim diz o SENHOR, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos”. (Is 45.9). Ainda quanto ao mal, não podemos categorizá-lo como algo que o Eterno não tenha determinado como se fosse algo desconexo à sua vontade, pois veja: Deus estava por trás da traição dos irmãos de José (Gn 45.5-8), na esterilidade de Ana (1 Sm 1.15), no Furor dos Babilônios (Is 14.26,27), no desejo de Sansão de tomar um mulher entre os filisteus (Jz 14.4), no desprezo que teve Roboão contra os sábios conselhos dos anciãos, deflagrando a divisão do Reino de Israel (1 Rs 12.15) até o ódio que teve um tal faraó que não conhecia a José, em tempos posteriores à fome, também vinha de Deus:
“E aumentou o seu povo em grande maneira, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos.Virou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos”. (Sl 105.24,25)

Deus é aquele que endureceu o coração de Faraó, afim de que este o resistisse, por um pouco de tempo, enquanto ELE envergonhava-o diante do seu povo eleito, na magistral intervenção milagrosa das dez pragas. E isso é-nos afirmado em inúmeras passagens de Êxodo, como uma linha a costurar as suas páginas, certificando-nos do controle de Deus em todos os momentos. (4.21; 7.3,13; 9.12; 10.1,20, 27; 11.10; 14.4,87).
Diante da Palavra do Senhor, como olvidá-lo ou como não imputar-lhe a soberania ao desenrolar da história, se até o dia da calamidade que aflorará contra os perversos fora determinado por Deus? (Pv 16.4)
Se do Senhor vem a salvação (Jn 2.9), então  o objeto sobre o qual ele despensa sua redenção não poderá interrogá-lo, exigindo-lhe explicações sobre sua Soberania na salvação, e ainda a todo homem é vedado a revelação dos caminhos que ele toma para tal “pois compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.”(Rm 9.18). E a estes a quem Deus deseja salvar que são alvos de sua misericórdia que soberanamente os atrai para o seu reduto paterno, são afortunadamente ditosos, pois “Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos fartos da bondade da tua casa e do teu santo templo”(SL 65.4) 

Há muito ainda a ser dito, sobre a Soberania de Deus, mormente sobre a Soberania de Deus na salvação (intencionalmente reduzida no presente artigo), e tão vastíssima doutrina ainda a ser conhecida, faz com que esse ínfimo artigo se assemelhe a minoridade de uma minúscula ponta de gelo a esconder a grandiosidade de um iceberg. Não que tal doutrina esteja inacessível tal como a parte maior de um Iceberg, mas sim como ainda não compreendida por aqueles que não mergulham na profundidade das Escrituras, no afã de visualizarem a grandeza dessa doutrina, larga e exaustivamente proclamada em suas páginas. Essa doutrina doravante permanecerá oculta aos que não abdicarem de suas compreensões demasiadamente sentimentais de ver os acontecimentos do mundo, forma essa ingenuinamente acunhada, embora não sem dolo, por alguns cristãos, do racionalismo, e até do ateísmo que tentam explicar todas as coisas sem entronizar Deus como a medidas de todas as coisas, e sua vontade como a explicação final de tudo que acontece. Não resta dúvida, Deus não está perdido no mundo que ele mesmo criou, enquanto os homens, como dizem alguns controlam a história com base em suas decisões, isso porque o cetro não está em mãos humanas; a coroa não está sobre sua cabeça; o trono não é o adorno de sua moradia, sequer é divino, senão um verme (Jó 25.6), ou ainda, um gafanhoto (Is 40.22) diante da imponente soberania daquele que não consulta a homens quando deseja agir.
“Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?” (Rm 11.34,35)

“E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?” (Daniel 4:35)


É Deus quem governa, e tudo quanto deseja, levará a cabo na consecução dos seus planos, sem que nada, absolutamente nada, se interponha aos seus desígnios, isso porque “dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Rm 11.36)

Graça e Paz
Mizael Reis

8 comentários:

  1. Mizael,

    outro ótimo e providencial texto; à luz da Escritura, não há retoques a fazer.

    Peço-lhe, mais uma vez, a permissão para publicá-lo no meu blog "Guerra pela Verdade".

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  2. Jorge,

    Esteja à vontade querido amigo, para publicá-lo em sue blog. Para mim, será sempre uma honra.

    Agradeço-lhe por seu comentário. Vindo de quem vem, encaro-o como uma força para continuar.

    Graça e Paz
    Mizael Reis

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  3. Alexandre,

    Agradeço-lhe por seu comentário e incentivo. Esteja certo de que visitarei o seu blog.

    Graça e Paz
    Mizael Reis

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  4. Oi mano.
    Graça e paz.
    Ótimo blog.
    Estou seguindo.
    Convido-o a a visitar:
    http://oreinoemnos.blogspot.com/

    Nele,

    Sandro

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  5. Sandro,

    Agradeço-lhe por sua visita e comentário.

    Graça e Paz
    Mizael Reis

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  6. Tiago,

    Valeu pela divulgação.

    Deus te abençõe também, rica e abundantemente.

    Graça e Paz
    Mizael Reis

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  7. Meu amigo mizael,parabéns pelo blog,seus temas são importantíssimos,que Deus nos DÊ graça para combater as heresias existentes na igreja Brasileira.E que ele nos dê tbm coragem.Parabéns que Deus te abençõe muito meu irmão.Obrigado por ter sido instrumento de Deus para abrir os nossos olhos.

    Graça e PAz;

    POste algo sobre pregação expositiva!!

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  8. Meu nobre amigo William.

    Agradeço-lhe por sua visita e por seu comentário.

    Que o senhor esteja em nosso frente, dando-nos mais amor por sua palavra e por sua obra.

    Um artigo sobre pregação expositiva? Mais a frente.

    Deus o abençoe também.

    Graça e Paz
    Mizael Reis

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