29 de out. de 2010

Eu e Vanessa vamos nos casar amanhã, para Glória de Deus!!



Enfim, depois de decorridos alguns anos, é chegado o dia mais esperado de nossas vidas (Eu e Vanessa): Nosso Casamento. Não faltaram lutas e dificuldades nessa longa caminhada, mas elas só não faltaram porque foi por meio delas que Deus forjou-nos o caráter preparando-nos para o que se sucederia, que é a grande responsabilidade, divina, de representá-lo na terra por meio de sua primeira e mais importante instituição, a Família. Louvo ao meu Deus, Dono de Tudo, Supremo e Eterno Senhor pela benção que nesse dia nos presenteia. A Ti Deus meu, seja dada Toda Honra.

30/10/2010

SOLI DEO GLÓRIA

Graça e Paz
Mizael Reis

16 de out. de 2010

Suponhamos que Deus não fosse Soberano

SUPONHAMOS (conjecturando) que Deus não fosse soberano, que há nada decretasse, e que o homem tivesse o tal do livre arbítrio.

Essa estória aconteceria mais ou menos assim:

Estando deus nos céus desfrutando de sua eternidade incomensurável, e, embora fosse Trino, sentiu no âmago de seu ser, em decorrência de uma irreprimida solidão a lhe consumir, a necessidade de se relacionar com alguém fora dele próprio. Assim, cogitou mentalmente (porque nada via a sua frente, que dependesse unicamente dele), na idéia e aventurou-se numa investida audaciosa de torná-la realidade. Assim começa a saga de uma série de episódios frustrados de deus com suas criaturas.

Sozinho, reclusado e contristado, isso tudo devido à solidão que desde toda a eternidade lhe acometera, deus propõe em seu coração criar seres os quais ele os chamaria de anjos, a fim de, enfim se relacionar de uma forma mais imprevisível, pois tal como ele era, assim seriam os anjos, livres de quaisquer ações externas, e livres dele próprio (deus), podendo assim lhe presentear com o inusitabilidade do inesperado.

Dentre os anjos que lhe devotavam piedade, houve alguns que ousaram deixar sua própria habitação. A Condescendência de deus é surrupiada por uma frustração inusitada. Não acreditava no infortúnio em que o destino e suas criaturas lhe reservavam. As suas criaturas insurgem contra os seus domínios, e amotinam-se contra sua “Soberania”, levando-o, forçosamente, a tomar uma decisão a qual não previra, precipitando seus anjos traidores de sua moradia, destituindo-os de sua beleza, transformando-os em famigerados demônios. Por conta deste veredicto, o qual deus jamais antevia, isso devido à liberdade dos anjos, o Eterno enluta-se demasiadamente, e, no recôndito de sua moradia, introspecta-se e se pergunta, em qual momento teria errado, e de contínuo, pensa em qual seria a melhor saída para retomar o caminho e continuá-lo de onde o mal havia o impedido de levar a termo o seu plano cogitado.


A tristeza agora estonteia-lhe o coração, e meio que sem surtida, é forçado a tentar, por mais  uma vez, seguir caminhos sobre os quais não tem plena certeza quanto aos seus desfechos, pois, diante  da possibilidade de um novo relacionamento, análogo a natureza do primeiro, que enclausurava-o como refém de sua própria história, Ele incorria na triste possibilidade de ver-se num suposto fracasso outra vez. Mas não havia outro jeito, era um risco que estava disposto a correr, e de fato Ele correu. Assim, como possível solução ao problema instaurado nos seus desígnios primeiros, impedindo-o de seguir pelos caminhos que desenhara, deus cria o homem, e junto ao fôlego de vida que lhe concede, dá-lhe a plena e independente liberdade de “ser”. Este que está à sua frente é o sinete de sua perfeição, a mais elevada de suas criaturas, esta que, no desenrolar dos próximos dias, reservar-lhe-ia uma relação de amor e ódio, alegrias e tristezas, fidelidade e traições o que desembocaria numa frenética e custosa tentativa de resolver problemas não concebidos previamente, marcados pela improbabilidade de sucesso sempre a circundar esse relacionamento, fruto de uma relação de dois agentes plenamente livres e imprevisíveis.

Assim, como nem tudo na vida é perfeito, com deus também não seria diferente. Em decorrência da liberdade recíproca de relação entre deus e o homem, tudo que aquele havia concebido para a sua relação com sua criatura parece vir por água a baixo, quando, pela primeira vez de muitas outras, o homem decide não obedecer aos seus estatutos, frustrando-lhe bem diante dos seus olhos os planos por meio dos quais acreditava deus, que poderia mudar a história do seu mundo caído e destruído a contragosto de sua vontade. Mais um acidente esbofeteia-lhe a face, e mais uma de suas criaturas rebela-se contra o seu “perfeito” plano arquitetado. O homem era perfeito, o jardim que deus lhe dera para sua vida e habitação parecia perfeito. O que, no entanto, não parecia ser tão perfeito eram os planos desse deus, que a essa altura parecem a nossos olhos, mais sugestões de vitória, feitas por alguém que de fato não detêm o curso da história, diante de uma história que se rege pela plena liberdade do homem, fruto de uma ambiente convenientemente indeterminista, do que planos concretos.

deus é forçado a relevar a sua confiança dispensada ao homem que ele criara, por conta da sublevação de seu plano, agora frustrado. Assim, se pôs a pensar, e a arquitetar, por mais uma vez, no plano que se constituiria no melhor caminho a seguir, uma melhor alternativa, frente ao adverso, e isso seria levado a cabo, por meio da desconstrução do seu primeiro plano, que seria uma espécie de plano A, preterido por um novo plano, de natureza corretiva, que seria um espécie de plano B, no empenho de tentar recompor tal relação, destruída pelo homem que com seu ato livre de escolha, havia lhe confinado a um incontido sentimento de ira baralhada com tristeza; isso porque tudo dera errado, novamente.

deus agora pune o homem, imputa-lhe as consequencias de seu pecado, lança-o para fora de sua presença, e agora por sucessivas vezes no curso de toda história, se valerá de homem livres e agora inerentemente pecadores, que, volitivamente se prontificarão a mudar essa história marcada por tristezas que também são frutos de escolhas de homens livres. É sempre de crucial importância, visando o êxito dos primeiros planos, que o homem se revista da parte que lhe cabe nesses planos, do contrário, ver-ser-á deus, em um ciclo ininterrupto a recriar um ambiente propício, sempre com base nessa resposta livre do homem, que sempre é capaz de mudar, quando bate o pé teimoso, e resistir em colaborar com os planos do seu criador. Alguns delinearão coincidentemente a vontade de deus, proporcionando assim, um quadro perfeito no afã de que deus oportunamente tente levar a conclusão de seus intentos, ainda abstratos. Dentre eles, destaque para Abrão, Isaque, Jacó, José, Moisés (esse foi incrível, pois aquilo que parecia mais trivial, ou seja, estar dentro de um cesto dentro do rio à deriva, coincidentemente, contribuiu para que deus usasse Moisés, poxa que sortudo!), Josué, Elias, Eliseu, etc.

Sintetizando a estória, Davi também foi um desses pelos quais deus se vira presenteado pela história. Ele achou Davi, literalmente. Agradeceu não a si próprio, mas ao próprio Davi, pelo fato de que, na sua liberdade, tenha desejado agradar ao deus que não lhe chamou, mas que em decorrência do “sim” de Davi, com lágrimas nos olhos, disse um tremendo “SIM” para este Davi. Não é pra menos. Não foram e nem são muitas dessas oportunidades que se concretizam ante aos olhos de deus, convidando-o para uma batalha com grandes chances de vitória. Como conseqüência da pureza estritamente originada de Davi para com deus, o eterno se vê reescrevendo uma história onde Davi tornar-se-ia, a princípio, no seu principal protagonista. Decide que da descendência deste viria um que pudesse “resgatar” a humanidade de seus muitos pecados. Para tanto, deus criaria meios no transcurso da história, atinando seu senso de oportunidade, e por meio desses meios, procuraria se valer de homens bons aqui e ali, a fim de favorecer oportunamente seus anseios futuros, ainda incertos. Lembre-se, o homem precisa “fazer por onde”. Por mais que homens bons apareçam em meio ao caminho, o homem de fato precisa Ser redimido, ou ao menos, uma luz no fim do túnel precisa ser-lhe mostrada. Esse plano é antigo, e chegou a hora de concretizá-lo. Agora o plano é vir sobre a terra e apresentar aos homens uma possibilidade de salvação.

Resumindo a história, e omitindo o tempo dos reis que não contribuíram com quase nada em seus planos, levando-os a quase utopia, deus encontra uma mulher, que desde a tenra idade fora fiel, pelo seu próprio logro, esforço e mérito. Uma mulher judia, de nobre estirpe, limpa, pura e virgem. deus não acredita! Em meio a um mundo onde a paz e pureza é quimera, tal como uma bela flor a surgir em meio à aridez do deserto, assim viu deus a incólume santidade dessa mulher imergindo-se no mundo, irrepreensivelmente à parte de toda impureza e pecado. Uma mulher que, por fim, co-participaria nos desejos de deus, tirando-o do campo da impossibilidade, e materializando-o no mundo dos viventes. Por meio dela, deus viria habitar entre os homens, isso, se Maria estivesse disposta a participar.

Se valendo da produção da história particularmente humana, com a qual deus não tem nenhuma responsabilidade e controle, o Eterno se alegra por poder levar à frente um desejo antigo (não tão antigo), o de tentar restaurar a humanidade por meio de sua vinda à terra.

É certo que desde o Gênesis tal vinda fora predita, como a consecução dos planos de deus, por meio dos quais derrotaria o seu inimigo e o pecado. Porém, mesmo tendo em vista a conclusão desse “decreto”, a sua efetiva realização sempre esteve condicionada a voluntariedade humana, a corresponder a contento, munindo-se da parte que lhe foi, e sempre será pertinente. Mas enfim, deus se faz carne, e por meio das mãos dos homens maus, morre e ressuscita, facultando aos homens a salvação por meio da aceitação de seu sacrifício, aceitação essa plena e decisioriamente circunscrita a alçada humana. Assim, diante dessa forma de ver e conceber deus, o mundo a seu redor, seu desejo de salvar o homem, e a possibilidade de se consumar essa salvação, conclui-se que a salvação é uma daquelas questões onde se menos pode acreditar que de fato acontecerá. deus deseja que todos os homens sejam salvos, mas seu desejo não corresponde ao seu intento. Ele quer aquilo que não é seu. Sob essa compreensão, deus não só não verá todos os que Ele deseja se converterem, bem como pode ter a inóspita experiência de que nenhum dos homens se converterão, pois mesmo que alguns o sirvam hoje, podem olvidá-lo um dia e abandoná-lo, posto que são total e plenamente livres. Mesmo que nos pareça remota essa possibilidade de pleno fracasso ao alvo pretendido, vendo sob esse prisma, isso é inteiramente possível de acontecer, ao menos em tese. Portanto, nada está decretado, os homens podem simplesmente pela força de sua decisão, desejarem não ter a cristo, incorrendo à deus de não ver no futuro o fruto de seu trabalho e nele ficar satisfeito. 

Conclusão: O mundo foi feito por deus, destruído pelo diabo, que por sua vez contaminou o homem, tornando-o num aliado, que luta vorazmente contra os planos de deus. O homem desde o princípio resiste em aliar-se aos desígnios de Deus, forçando-o a sempre remeter-se a um plano B ou ainda um plano C, para possibilitar a probabilidade de vencer na ocasião. A despeito dessa rebelião do homem, Deus em sua misericórdia, não salvou ninguém, antes morre a fim de simplesmente facultar a salvação a todos os que podem rejeitá-la. A salvação não é substitutiva e sim facultativa; ele não levou pecados, e sim pode levar pecados, caso o pecador queira que ele os leve; A salvação é universalmente oferecida, e não efetivamente realizada. Assim, deus e o diabo são forças proporcional ou igualmente fortes, pondo-se a lutar no ringue do mundo, onde o grande controlador da batalha, que detém nas mãos a capacidade nata de coordenar a história, manipulando-a por meio da ajuda de um dos dois lutadores é o homem, bastando-lhe apenas, apoiar aquele que no momento quer que seja o vencedor, e isso temporariamente.

Falando sério, seria assim, se Deus não fosse Soberano e se o homem, ao lado de Deus, fosse um outro deus. Se o seu Deus tem no mínimo, uma característica desse embusteiro, descrito acima, utopicamente nesse texto, desculpe-me, esse deus não é o Eterno Deus das Escrituras. O Deus da Igreja não está vendido nessa história, não está chorando copiosamente nos céus, devido ao fracasso de seus primeiros decretos abortados ou pelo "leite derramado". Ele controla todas as coisas, para que essas coisas contribuam, soberanamente, para os seus planos irredutíveis, insubstituíveis, e eternamente decretados.

“Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?” (Is 14.27)

“Só tu és SENHOR; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora.”(Nm 9.6)

Soli Deo Gloria

Graça e Paz
Mizael Reis

2 de out. de 2010

Soberania de Deus e algumas visões a seu respeito

Existe um hino que nós cristãos, há tempos cantamos: 
“Nosso Deus é soberano. Ele reina, antes da fundação do mundo.”
Como já abordei em um artigo anterior (Leia-o aqui), dizer por dizer que Deus é Soberano, sem relevar as implicações que carregam tal afirmação é fácil. Submeter tudo que acontece no mundo a esta soberania, é que se constituirá numa difícil tarefa as mentes incrédulas e oscilantes.
Pois bem, pensando nisso, senti o desejo de escrever, basicamente, sobre três cosmovisões [1] que dizem crer nessa Soberania (uma dessas três a redefiniu completamente ,a seu bel prazer), de Deus. São elas: O Calvinismo, o Arminianismo e o Teísmo Aberto. Como conclusão ao texto, transcrevi alguns textos bíblicos que julgo serem decisivos para que tal soberania seja de uma vez por todas bem interpretada e compreendida, submetendo tais concepções à supremacia da escritura, o que nos levará a rejeição de duas dessas cosmovisões. Alinhar tais versículos com uma, e uma apenas, dessas três cosmovisões, será tarefa de cada leitor.
Os que repudiam os termos, em razão de incriminá-los como rótulos, talvez não gostem muito desse texto, pelo fato deste contê-los. Mas sempre vale lembrar que neutralidade não existe. Por exemplo, se você leitor, crê no livre arbítrio, então de alguma forma, mesmo que não queira, você reflete em sua crença o pelagianismo, o semi-pelagianismo e o arminianismo de séculos passados. Se alguém diz ser Pentecostal, ou Assembleiano, ou Batista,  etc. já estará se valendo de termos, incorrendo na própria hipocrisia de se impor em uma utópica neutralidade.

O Teísmo aberto.


O teísmo aberto, pensamento esse com raízes ateístas e de origem adventista [2] proclama a liberdade humana, em detrimento da Liberdade de Deus. Essa concepção, divorciada do Deus das Escrituras, enobrece a escolha humana, e destitui a Deus de seu próprio poder, pois na ânsia de deificar o homem, venda os olhos de Deus para que  este não veja e saiba do futuro que se avizinha e se descortina diante dos seus olhos.
Na visão do teísmo aberto, Deus é Soberano, mas não da forma como fora tradicionalmente concebido. Ele é soberano porque sabe o que está acontecendo em seu mundo, embora não saiba o que possa acontecer em tal mundo, isso porque a história do mundo é escrita sinergícamente pela aliança entre Deus e homem, sem a qual o mundo perde-se como um barco à deriva. Ambos não sabem nada acerca do futuro, pelo menos não exaustivamente (O que para mim, é a mesma coisa, dita de forma camuflada, a fim de criar os seus adeptos sem assombrá-los). Diante disso, e motivados pelo desejo de um final feliz, com uma história feliz, Deus (Creator) convida ao homem, fabricante de sua própria história (homo-faber) que faça parte, com o peso de decisão majoritária, da construção dessa história, ainda informe. Porém, lhe é tão facultada essa decisão, ou seja, depende tanto do homem tal escolha de contribuir ou não em tal construção que ele bem pode “soberanamente rejeitá-la”, o que se leva a concluir, no campo dessa concepção, que se o mundo ainda vive em desgraça, é porque o homem ainda não se dispôs em se revestir de sua responsabilidade para mudá-lo. Assim, em decorrência dessa escolha soberana do homem de não ajudar na parte que lhe compete, a tão esperada construção desejada por Deus é sublevada pelo não-engajamento do homem na parte do plano que lhe diz respeito. Como prova dessa desobediência, o mundo lamentavelmente tornou-se naquilo que ele é hoje, mas não é o que é porque Deus quis que assim fosse, pois de fato ele não esperava tal desfecho, posto que ele não sabia, nem da escolha futura do homem de não desejar se tornar co-autor de uma bela história, como não sabia do que lhe esperava no desenrolar da história em função da indiferença e do homem em produzi-la.
Dessa forma tudo o que acontece no mundo é culpa do homem, no sentido de que este, não quisera se munir de sua responsabilidade no plano, cuja concretização, sempre utópica (porque o mundo nunca melhora nos moldes que o teísmo aberto espera que melhore, posto que o homem é mau e pecador), dependia plenamente de sua cumplicidade a favor da aliança. No teísmo aberto, o homem cria o inédito tanto para ele quanto para Deus. Porém, esse inédito só se materializa na medida em que homem se prontifica em iniciá-lo. Assim, longe de crer num determinismo, onde Deus determina todos os acontecimentos, os proponentes do teísmo aberto, apregoam um declarado indeterminismo, onde nada está decidido, sendo o futuro tanto para Deus quanto para o homem, um amanhã ainda não acontecido.
Dessa forma, Deus não só é fraco, como não rege a história. Ai, nessa forma de ver as coisas, nós seres humanos, estamos à mercê de qualquer desgraça mundial, posto que nem o Deus o qual servirmos, poderia fazer alguma coisa por nós, sem nós, o que leva-nos a concluir que todas as promessas de Deus, hipoteticamente falando, deveriam merecer todo nosso descrédito e desconfiança, pois se ele não sabe nada sobre o futuro, então também não saberá sob quais circunstâncias nos brindará o futuro no momento em que o deus do teísmo aberto, nos prometeu o cumprimento de determinadas promessas.
Assim, no reduto misterioso de sua eternidade, sob a ansiedade que o consome, esse deus, está à espera, complacentemente, de algum ser humano que queira protagonizar a bela história ainda não acontecida, o que ele não sabe existir, mas que acredita que possa ainda indeterminadamente, mas não sem esperança, vir a acontecer. Esse Deus não é do Deus das Escrituras.


O Arminianismo



Os Arminianos e os de vertentes correlatas, afirmam não haver contradição alguma em dizer que Deus é Soberano, ao mesmo tempo e conceito de que o homem tem livre arbítrio.
Eles afirmam que Deus é Soberano, que sabe de tudo, ou ainda, que sempre soube de tudo; que ele não sofre atualização diacrônica em decorrência dos fatos da saga de seus relacionamentos com o homem, que não regride, nem é surpreendido. Porém, ao lado dessas afirmações e pondo-as sob prova de veracidade, acreditam também que cabe ao homem a maior participação em um estado decisório da questão, no que diz respeito a sua salvação, pelo engajamento do qual ele é plenamente responsável, sem o qual nada será levado a efeito.
Acreditam que o homem é neutramente livre, e, na medida em que afirmam que Deus sabe de tudo, e que tudo está escrito, determinado por sua regência soberana, também afirmam que nada, que diga respeito à decisão que compete ao homem está de fato decidido.
Deus sabe de tudo, mas o homem ainda não escreveu sua historia. Ou seja, o arminianismo, no que concerne à Soberania de Deus, resvala, mesmo que seja em parte, na teologia reformada, mas no que se aventura em afirmar sobre livre arbítrio, comunga, plenamente, com o teísmo aberto. Nesse sentido, o teísmo aberto é menos contraditório do que o arminianismo, pois enquanto àquele se rende, embora equivocadamente, a não aceitar a realidade das duas premissas ora abordadas, o arminianismo segue contradizendo-se julgando ser possível conceber, biblicamente, a simultaneidade das duas premissas. O Teísmo aberto erra por dizer que Deus não é soberano e que o homem é plena e totalmente livre. O arminianismo erra por dizer que Deus e o homem são soberanos.
Para o arminiano, tanto Deus é soberano e decide e determina a história, como também é o homem que, pode por si só, com base em escolhas fundamentadas em sua volição neutra, escrever sua própria história, para o “louvor de sua glória antropocêntrica”.
O arminiano diz que Deus sabe de tudo e determina tudo para os seus devidos fins, exceto a salvação. Assim afirmam, sem preocupação alguma de serem acusados de contradição, que Deus sabe de tudo, inclusive sobre aqueles que serão salvos, muito embora seja do homem a escolha, que antes de sua decisão, tem a sua frente uma história limpa, branca e ainda não escrita, e muito embora Deus já tenha escrito seu desfecho, pois sabe de tudo. Vai entender.
Os proponentes do livre arbítrio ainda não analisaram a fundo, as consequencias decisórias de afirmar que Deus é Soberano, bem como também não refletem no clássico erro lógico, teológico e bíblico que subjaz na afirmação a favor do livre arbítrio do homem, ao lado da crença em um Deus Soberano.

O Calvinismo


No calvinismo ou na teologia da reforma deparamo-nos com a crença em um Deus plenamente Soberano. Plenamente quer dizer que não há nada no mundo além ou aquém de seus decretos. Todas as coisas que acontecem no mundo não só contribuem para os seus planos, mas são decretados, em primeiríssima instancia a favor dos seus planos. Não é o caso em que Deus tenha um senso apurado de oportunidade para que se valha das circunstâncias que se descortinam diante dos seus olhos, dadas pela ação do homem livre, para levar a termo seu intento, até porque nada nesse mundo acontecerá sem seu aval de forma em que algum acontecimento possa surpreendê-lo. Mas sim, quer dizer, que todas as coisas que ora acontecem, só acontecem porque Deus quis que tais coisas acontecessem, levando-nos a crer que o que acontece no mundo, não fora permitido por Deus como plano corretivo pra tentar consertar o que ele ou o homem fizeram de errado, nem se trata de uma ação simplesmente punitiva que ele permitiu sobrevir sobre o homem, quando este, desobedecendo-lhe, fez o que ele não queria que se fizesse (Sl 135.5). Enfim, passado, presente e futuro são eternamente redundados por Deus em um Soberano “agora”.
Se Deus é Soberano e controla todas as coisas, então não será exagero da parte do calvinista, valer-se de todos os versículos que ratifique tal doutrina e esgotar toda a sua linguagem e pena argumentativa para reafirmar que Deus é Soberano e reina sobre todos os acontecimentos. Se todos os acontecimentos são submetidos à regência da batuta divina, qual seria a base pela qual se eximiria a salvação e o destino da jurisdição dessa soberania?
Se Deus permite, ele assim o fez por razões voluntariamente soberanas e não forçosamente permitidas a contragosto.
Como um exemplo, o Calvinista diz: Se Deus estava na Governança de José, por meio da qual, proveu alimento para o mundo em tempos de fome, então isso significa dizer que os caminhos pelos quais José trilhou, que o fizeram chegar sob essas circunstâncias, foram todos providos por Deus. Toda dor de José, como a traição, A ira e inveja dos seus irmãos, o desejo erótico da mulher de potifá sobre José, a escravidão, o falso testemunho contra sua integridade, a prisão, todas as coisas contribuíram para o desfecho que Deus lhe havia sempre determinado. Se Deus opera segundo o conselho de sua vontade, e se sua vontade se revela tanto nos meios como nos fins, então tudo que fora acometido a José, estava sob plena ação, autorização e controle de Deus. Isso vale para quaisquer que forem os acontecimentos lançados sobre a mesa. Se não há nada acontecendo à margem de seu conhecimento, e se, tendo poder para intervir não intervém, é porque ele quer que tal coisa aconteça para levar à cabo seu Soberano e misterioso propósito. Compreender tais planos, não se constitui num quesito que ele exija do homem para que depois de compreendidos, possa então agir. Ele simplesmente age, e não deve satisfações a ninguém do porque de suas ações (Is 45.7 – Rm 11.35).
Se Deus é imutável e eterno, então tudo que ele deseja fazer, ele sempre desejou fazer, desde toda eternidade, posto que uma ação, manifestação ou intervenção de Deus, não é causada por uma ação que a anteceda ou que a torne necessária, de moda a forçá-lo a recriar a circunstância por meio de novas ações, moldando-a ao comportamento do homem, insurgido contra um plano primeiro ou para corrigir aquilo que deu errado. Deus é o fim de todas as coisas, o que nos levar a afirmar que nada força-o a fazer o que ele fez e faz, senão ele próprio.
Para o Calvinista, a história do mundo não está sendo escrita, na medida em que homens se voluntariam para co-participarem nos desígnios de Deus, embora seja a história escrita com participação dos feitos humanos (mas não de forma ativa ou neutra, senão sob supervisão divina). Por exemplo, o fato de Deus perguntar “A quem enviarei e quem a de ir por nós?”(Is 6.8) não significa que ele não enviaria alguém, e ansiava que alguém se manifestasse a tempo, a fim de que não visse ele seus planos sendo mais uma vez frustrados, pela inexistência de engajamento humano, mas sim que ele usaria alguém, tendo como resposta, a prontidão (Deus lhe capacitara a isso) de Isaias.
Deus é Soberano e o homem é responsável. Contudo, aqui, a responsabilidade do homem não é definida pelo quanto este homem é livre, mas sim pela vontade de Deus em imputá-lo responsalidade, em razão de seus muitos pecados. Nesse sentido, não há contradições entre um e outro, posto que a responsabilidade do homem não se nivela com a Soberania divina, antes, àquela submete-se a esta (Rm 3.4)

Conclusão


Enfim, O teísmo aberto crê na liberdade humana em detrimento da  plena soberania divina. O calvinismo crer na Soberania divina, em detrimento da liberdade neutra do homem, embora creia em sua responsabilidade em tudo que faz. Já o Arminianismo, diz crer nas duas coisas.
Querido Leitor, analise os textos abaixo, e rejeite, para glória de Deus, o teísmo aberto e o arminianismo, que doravante, seguem minando contra o Ser de Deus e seus Atributos imutáveis, em detrimento de forçar uma liberdade humana, liberdade essa que o homem nunca teve isso porque Deus sempre foi Soberano.
Suposta Liberdade humana refutada:

“A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda a determinação.” (Pv 16.33)

“O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porque esta revolta vinha do SENHOR, para confirmar a palavra que o SENHOR tinha falado pelo ministério de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.” (1 Rs 12.15)

“Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do SENHOR; pois buscava ocasião contra os filisteus; porquanto naquele tempo os filisteus dominavam sobre Israel.” (Jz 14.4)

“E aumentou o seu povo em grande maneira, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos.Virou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos”. (Sl 105.24,25)

E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem.” (Gn 37.18)

Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.” (Gn 45.7)

“Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna.” (Tg 4.13-16)

“Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.” (Jr 1.5)

“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,” (Gl 1.15)

“Faz com que a mulher estéril habite em casa, e seja alegre mãe de filhos. Louvai ao SENHOR.” (Sl 113.9)

“Com setenta almas teus pais desceram ao Egito; e agora o SENHOR teu Deus te pôs como as estrelas dos céus em multidão.” (Dt 10.22)

“Esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do SENHOR se descarregou contra mim.” (Rt 1.13 – Noemi responsabiliza à Deus pelos seus infortúnios, causados pelas mãos dos assassinos de seus filhos)

“Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.” ( Sl 139.16)
 
Soberania de Deus ratificada:

“O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração.” (Sl 33.11)

“Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.” (Sl 135.6)

“Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.” (Jó 42.2)

“O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.” (Pv 16.4)

“E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?” (Dn 4.35)
“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Dn 4.7)


Graça e Paz
Mizael Reis

[1] Visão de mundo, ou as premissas pelas quais se compreende o mundo, em nosso caso, Deus, o homem, e o mundo.
[2] O teísmo aberto, fora batizado com esse nome em 1980 pelo adventista Richard Rice.