No mundo, algumas questões tendem a ser preteridas por inovações. Haverá sempre o novo que banirá o atual, tornando-o antigo; Sempre o diacrônico que derrotará o que deveria ser inamovível; Sempre um novo alvo sobre miras engessadas; Sempre uma nova música que distanciará o último sucesso dos ouvidos; Sempre um novo movimento que acudirá a lamúria dos corações desejosos pelo alvissareiro; Uma nova premissa-moda-chavão que colha as lágrimas dos olhos antes que essas cheguem ao chão. O mundo movimenta-se pelas inovações. Calibra seu fôlego de vida pelas idéias. É dinâmica por uma questão de sobrevivência, pois desta forma caminham aqueles que neste mundo habitam. Ansiosos por ver uma beleza mais incólume do crepúsculo que se passa; desejosos por um novo e melhor brilho da aurora do dia que se avizinha, e assim vai.
Diante desse dinamismo que exige o mundo moderno, há muitos que são taxativos em condenar a Bíblia por seu anacronismo, supõem. É necessário dizem alguns, revestirmos a Bíblia com “roupas” da moda vigente; Maquiá-la com a beleza que hoje encanta; enobrecê-la com a coroa do ser moderno. Muitos a julgam retrógrada, incapaz de satisfazer os desejos deste homem, cujo pensamento tem sido modelado pela Ciência. Mas a palavra de Deus não é produção humana, a despeito de sua instrumentalização em sua produção (2 Pe 1.21). Embora co-participada com o homem na escrita, sua revelação é do Alto, origina-se no coração de Deus. Seu nascedouro é nos intentos do Eterno. A verdade da Bíblia não pode ser destronada pela mente humana mancomunada com o mundo. Ela não será destituída pelo desejo antigo e atual, que teve lúcifer diante da Soberania do Ancião de dias. Muitos tentam relativizá-la, julgando o apoio de muitos incautos como a evidência do êxito logrado. Mas tal como Lúcifer, ladeado da terça parte angelical destituída, assim milhares se prostrarão ante o senhor Jesus, ao seu lado esquerdo, por terem julgado sua declaração de amor e justiça, que é a sua Palavra, como trivialidade de somenos importância.
A Bíblia não é ciência manipulável, nem arcabouço aberto pronto a ser perscrutado sem respeito, nem gelo para ser diluído; Não está à mercê de pesquisas como os papiros do Egito, antes, Deus proveu sua revelação para guiar-nos em seus caminhos, afim de que sejamos salvos por seu amor. A Sagrada Escritura é a palavra do Deus Todo-Poderoso, àquele que criou o mundo e tudo conclusivamente que nele há, que delineia a historia regendo o seu desenrolar com sua batuta soberana, de modo que as surpresas são vicissitudes humanas, aquém do seu (Deus) pensamento irreduzível. E esse Deus, a fim de revelar-se por nós, legou-nos a sua Palavra:
“Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” Romanos 15.4
Todos os que amam a Deus, amarão sua palavra, evidenciando sua inserção primeira no reino. Não basta abandonar os conselhos dos ímpios ou abdicar de círculos comprometedores, é preciso ter prazer na lei do Senhor. De fato, é por se anteciparem na meditação e prática da Palavra, que os regenerados não incorrerão nos contratempos listados no salmo 1, não o contrário. A Igreja escreve sua história por meio da crença na veracidade do livro que resgata sua origem. Os apóstolos testificaram do que viram pelo que suas mãos tocaram a do Mestre e seus olhos viram o verbo da vida (João 1. 1) . Contudo, sua posteridade não desfruta deste incomensurável privilégio. É nos dado, pela testificação do Espírito Santo a fé, que habilita-nos a crer na indestrutibilidade da preservação e inspiração da Escritura, conferindo-a relevância ininterrupta pelo desenrolar da história, carimbando em nossos corações a confiança na autenticidade de seus registros, de modo que prostrados, em coro uníssono, reconhecemos ser ela a Palavra de Deus (2 Tm 2.14-16). O tempo passa, mostrando-nos sua efemeridade, mas a palavra postula-se viva, e fiel, pois tal como é eterno o Deus que a concedeu, ela permanecerá de igual modo para sempre (Is 40.8 – 1 Pe 1.25). Não será por meio de um tratado teológico que creremos em sua importância e fidedignidade, mas pela regeneração que o espírito nos concede, levando-nos irresistivelmente, pela transformação que em nós ele opera, a crer nela tal como no Cristo, pois será por meio da palavra que ele trará luz sobre as densas trevas que residem em nosso coração pecaminoso (Ef 5.24-26) A igreja que abandona sua exposição com proeminência, definha-se em sua apostasia, que precede sua inescapável derrocada. A Igreja de Cristo cultiva o amor à sua Palavra, de modo que essa outra igreja, que diz lograr na fé, por meio escusos e subjetivos, e pela freqüência dominical arrazoam ser fieis, mas sem a exposição da palavra digo-vos, é morta. A igreja doravante caminha, pelo poder de Deus, que se faz revelar, pelo estrondo de sua voz, manifesta em sua Palavra. Portanto, Ela é a Palavra de Deus porque testifica do Cristo (João 5.39), por meio dela que somos santificados (Ef 5.25-27, Jo 17.17), temos esperança (Rm 15.4), somos corrigidos, argüidos e exortados, a trilharmos os santos caminhos de Deus (1 Tm 3.16), por ela Deus opera eficazmente no coração dos que crêem (1 Tess 2.13), de modo que se nos distanciarmos desta palavra, nos descaracterizaremos, pois por ela nos identificamos como o povo do livro de Deus. Desconsiderá-la constitui-se em desvairado desrespeito, mas, amando-a mostraremos ao mundo o quanto somos amados de Deus e pregando-a, testemunharemos ao mundo o quanto somos comprometidos com Deus e sua redenção. Cabe a Igreja, em meio a um mundo tão distanciado de Deus, antropocêntrico, amante de si mesmo, ateu e ímpio, urgir-se, como sempre, com responsabilidade vital, aproximando-se do livro sagrado, e por meio dele, com joelhos ao chão, devotos e quebrantados pelo Espírito, sem negociatas com as trevas, mas amantes da obra do Deus que a elegeu, explicar as verdades imutáveis de um Deus imutável, e respondermos a este mundo, a razão da esperança que há em nós. Porém, só estará capacitado ao cumprimento desta tão grande alçada, àquele que tal como o salmista, evocar o texto santo, e reverberá-lo com amor, sem hesitação, dizendo:
“Ensina-me, ó SENHOR, o caminho dos teus estatutos, e guardá-lo-ei até o fim” Sl 119.33
Portanto,
SOLA SCRIPTURA
Graça e Paz
Mizael Reis
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